As mulheres são as dálias, flores delicadas que, partindo do conceito criado pela artista brasileira Izabella Zanchi, brotam magicamente da alma que move a vida, e florescem, quase transparentes, ou diáfanas, ou fluídas, com suas almas cristalinas, ou brancas, ou claras, pura luz de diamante ou lua, ou estrela matutina, sol que aclara e movimenta a humanidade; essas dálias se transfiguram ao longo da vida, no contato com seus amantes, noivos, amados, ou algozes, a outra face do amor humano, ou seja, os homens. Para eles, renascem menstruadas na puberdade, com eles geram a vida que povoa o planeta e se mistura à natureza, quando então são as dálias rosadas, maculadas pelos sentimentos do amor, do prazer sexual e do sangue menstrual fluxo da vida. As mulheres podiam se transubstanciar até à dália vermelha, que seria a noiva apaixonada e parceira do homem, a sexualidade feminina plena, e deste tom, decair até à dália azul do climatério, e cinza-azul da menopausa, e até a transparência da dália viúva, o que deve ser a experiência humana da mulher na Terra. Porém, muitas de nós são capturadas pelos “vampiros”, predadores de toda a ordem, desde os matadores de mulheres, feminicidas, assassinos seriais, torturadores e molestadores do feminino, estupradores de tudo, nossos corpos, nossas mentes, nossos sonhos, nosso patrimônio, nossa alegria de estar vivas, e é então que nasce, morta, a dália negra, que a artista compara com a mulher vítima do mais horrendo crime cometido contra uma mulher inocente, personificada na figura bela, sonhadora e frágil de Elizabeth Short, atriz assassinada em Los Angeles em 1947, vítima do crime jamais solucionado pela justiça, e inspirou o conceito do projeto à artista.
O projeto DALIA CorDeRosa traz o amálgama da liberdade de ser e direito de viver e gritar alto a sua dor, e também o seu prazer erótico, DALIA traz as Artes SEM CENSURA, as artes marginais, o feminino na arte, o prazer hardcore na arte e nos reabilita (essa a intenção) da grande cama de contenção “nupcial”que a sociedade nos prepara, (cama porque nossa expressão sexual é sepultada nela); que as dálias não conheçam o blecaute!